terça-feira, 10 de maio de 2011

RACIONALISMO E TEOLOGIA

Desde as revoluções de caráter social, ideológicas ou cientificas ocorridas na Europa em movimentos como a renascença e o iluminismo, sabe-se que o mundo passou por diversas transformações. A religião passa a não ser a monopolista da verdade, as ciências são valorizadas ao extremo e naturalmente o conhecimento, como formas mais seguras e indubitáveis de representação da verdade objetiva ou mesmo subjetiva, com o uso da razão.
As influências dessas mudanças de postura diante do conhecimento se aplicariam a todos os campos do saber: nas ciências da natureza, exatas e humanidades. Anteriormente em um outro texto comentamos a diversidade, a heterodoxia no pensamento dos teólogos que representam a cristandade com suas diferentes abordagens teológicas que formam uma verdadeira “torre de babel” de concepções o que gera nos leigos imensas dúvidas. Quando se diz a alguém, que estudou teologia, a primeira pergunta que fazem é: “Você acredita em Deus?” Ou fazem suas afirmações: “Aqueles que estudam ou estudaram teologia não acreditam em Deus, abandonam a fé”.
A questão aqui tratada não é exatamente o ter ou não ter fé nesse ou naquele, embora deva reconhecer que há uma ligação entre o que se acredita com as indagações ou afirmações como as que acima foram mencionadas. A chamada alta critica, influenciada pelo racionalismo tem ao longo dos últimos dois ou três séculos feito afirmações que são no mínimo pouco ortodoxas diante das tradições cristãs. Dentro da teologia cristã ela se aplica à literatura vetero-testamentária e também ao estudo neo-testamentário. Segundo o posicionamento desses intérpretes, os livros que fundamentam as crenças judaicas e cristãs são compilações bem posteriores ao que a tradição atribui, isto é, os sugeridos autores tradicionais não são seus autores, a bíblia não é a palavra de Deus, mas, contém a palavra de Deus, em outras palavras, em meio aquilo que se acredita ser divino está um simples relato humano com pretensões ideológicas, o atendimento de determinados interesses. Um exemplo de que trata essa questão, por exemplo, é a defesa da idéia de que Moisés não foi o autor dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento (Pentateuco) como a tradição costuma atribuir.
Bem, onde está contida a idéia de racionalismo nessas questões? No simples fato de que a literatura bíblica, para apresentar realmente aquilo que pode ser considerado palavra divina ou apenas humana, deve ser submetida a rigorosos métodos critico-históricos onde a razão exclusivamente dará a precisa resposta. Essa prática iria mais tarde resultar no liberalismo teológico entre os séculos XIX e XX, movimento que desejava adaptar a religião ao pensamento e à cultura moderna. O liberalismo teológico foi rejeitado pela neo-ortodoxia que procurou manter algumas bases da teologia tradicional patristica e da reforma (no caso do protestantismo) embora tenha mantido em certo grau a critica do iluminismo à ortodoxia.
Permanecem até hoje as disputas entre os adeptos de todos esses tipos de pensamento no mundo e no Brasil. As escolas de teologia (faculdades e seminários) se enquadram em alguma área de pensamento, de interpretação, sustentam um ou outro ponto de vista sobre como a teologia deve se encaminhar. As denominações religiosas cristãs podem ser fechadas teologicamente ou permissivas quanto às diferentes formas de interpretação. De qualquer modo, se considerarmos o fato de que estamos lidando com uma área humana de conhecimento, é bastante complexo em teologia uma definição do que é o certo ou o errado no conjunto dessas denominações uma vez que o subjetivismo impera no seu absolutismo.
Postado por DAVID LIMA 1975

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