terça-feira, 10 de maio de 2011

A HISTÓRIA DO CRISTIANISMO ATÉ O 3º SÉCULO

Considera-se tanto no estudo da filosofia como em teologia que o judaísmo vivenciava uma crise profunda em sua organicidade. Uma percepção fria desse assunto pode ser vista na própria estrutura ideológica e sectária do judaísmo que antes e durante o período apostólico encontrava-se dividido em diversos grupos.
No contexto histórico do surgimento do cristianismo, a dominação romana se fazia presente à palestina tanto quanto em outras regiões da Europa e África e esse domínio sobre os judeus teria seu clímax por volta do ano 70 d.C.,quando os judeus seriam espalhados pelo mundo no episódio denominado “diáspora”.Esse acontecimento também serviria aos propósitos apostólicos de expansão dos ideais cristãos.
Em seu surgimento, o cristianismo deveria ser , tanto no propósito de seu fundador como de seus discípulos,a absoluta verdade,teórica e prática.A narrativa inicial existente no evangelho de João é que o Cristo, o verbo divino,se encarnou e que esse verbo se tornou um homem como os demais,capaz de vivenciar as mesmas circunstâncias dos demais e necessariamente sobrepô-las.
Acredita-se que a grande expansão do cristianismo pelas localidades não judaicas deva-se ao apóstolo Paulo que também é chamado de “apóstolo dos gentios”.Inicialmente o cristianismo esteve localizado no seu próprio berço,em Israel,para então depois ser projetado pelas demais localidades.Os apóstolos vivenciaram em seu inicio uma pequena crise de ordem doutrinária em que tiveram que lidar com a questão dos judaizantes,isto é,judeus convertidos ao cristianismo e que sustentavam a necessidade de obediência e observação à lei mosaica.Paulo teve um confronto direto com esse grupo e necessitou chamar a atenção de seus companheiros pra essa questão e nesse contexto ocorreu o concilio de Jerusalém,o primeiro da história do cristianismo.
Com a projeção para o mundo, a nova religião tem no ex-integrante do judaísmo(Paulo),um fervoroso divulgador da nova mensagem.Um homem considerado de excelente formação,conhecedor da tradição judaica e da filosofia grega.Esse apóstolo é considerado um apologista no sentido mais completo do termo,tanto pelo combate às idéias pagãs como as heresias internas da nova religião e isso pode ser visto na leitura de suas cartas pastorais.
Ainda no período apostólico (final) tem inicio a fase de perseguição aos cristãos pelo poder estabelecido que considera-os deturpadores da ordem e dos costumes.Os mártires da igreja são os heróis e aceitam os castigos em nome de sua fé e a garantia de uma ressurreição futura e justiça divina.estas perseguições são mantidas durantes os próximos dois séculos após a morte dos apóstolos com maior ou menor intensidade.
A partir do segundo século teve inicio as diversas formulações teológicas que seriam os fundamentos da nova religião até então, dogmas não estabelecidos de maneira precisa e

tão absoluta como é próprio das religiões. É um período de grandes debates sobre as mais variadas temáticas filosófico-teológicas em relação à pessoa de cristo, a soteriologia, a natureza humana e a idéia de pecado, dentre outras temáticas. Esses debates e combates aos diversos pensamentos serão feitos pelos denominados padres da igreja ou pais da igreja que estão ora ligados à igreja do ocidente, ora à do oriente. Esses pais fazem um trabalho de combate aos ataques pagãos bem como à novas idéias surgidas entre os próprios cristãos,sendo que nos concílios serão definidos os dogmas ou verdades absolutas da revelação cristã.
Antes de suas conversões ao cristianismo, esses pais eram ligados a alguma escola filosófica e seus conhecimentos sobre a filosofia seriam usados de diferentes maneiras no apoio à divulgação das verdades de fé tendo-se o cuidado de mostrar o aspecto racional dessas verdades aceitas por revelação. Tais pensadores receberam influências diversas das escolas clássicas de filosofia como o platonismo, o aristotelismo, o neoplatonismo, os cépticos, os epicuristas, o estoicismo e outras heranças da cultura helênica.
A religião cristã superaria essa fase de perseguições e martírios após o terceiro século com a permissão de sua prática pelo império romano e posteriormente iria tornar-se a religião oficial do estado (final do século IV) e se manteria assim, superando a fragmentação do império romano do ocidente. Um pouco antes disso, já se apresentava a supremacia ou a pretensão de supremacia do bispo de Roma sobre os demais bispados e a definitiva instalação do papado como chefia visível da Igreja.
Sobrevivendo ao antigo império, agora inexistente,o cristianismo se estabelece pelos séculos posteriores no ocidente e com divergências em relação ao oriente o que iria determinar no futuro a primeira divisão do cristianismo, no chamado “cisma do oriente.”

DAVID LIMA

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